O Blogue Pedagógico

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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

EDUCAÇÃO MUSICAL EM PORTUGAL.

“Vou traçar em linhas gerais a panorâmica da Educação Musical em Portugal, de forma que se possa compreender, também, como ocorreu o enquadramento do ensino da EM, integrado na Educação Especial. A Música em Portugal era ministrada apenas nos Conservatórios de Música e em escolas particulares.Nas escolas de ensino oficial a área da música foi introduzida pela primeira vez através das reformas de Passos Manuel e Costa Cabral com progressiva institucionalização dos liceus entre 1836 e 1850, funcionando apenas como canto coral. Esta disciplina era submetida a várias modificações em todas as reformas de ensino, relativamente ao currículo,programa e habilitações dos professores, mas sempre incidindo na atividade coral. A primeira grande reforma do ensino da Música nas escolas oficiais aconteceu em 1968, no plano educativo nacional onde a disciplina passou a denominar-se Educação Musical(EM. Foi introduzida pela primeira vez, no currículo escolar com o aparecimento do ciclo preparatório (5º e 6º anos), com o programa regulamentado. Esta reforma determinou uma escolaridade obrigatória de seis anos. O Canto Coral continuou como opção no nono ano de escolaridade. Em 1982 a disciplina de EM tinha como grande objetivo, não só o ensino da música, mas também a contribuição decisiva para a formação integral das crianças. Pretendia-se que o individuo se desenvolve-se nos domínios afetivo, cognitivo e psico-motor. O ensino da música em Portugal tem vindo a ser matéria de reflexão contínua, tornou-se mais interpretativo e não somente reprodutivo. Inscrita nos princípios da escola nova, ativa e criativa, esta escola tem como métodos a vivência e a experimentação antes da teorização e da racionalização tendo à partida, objetivos muito mais vastos do que aqueles que protagonizados nos séculos anteriores. Assim a regra é: Educar antes de ensinar. Em 1990 a mudança foi profunda. Em todos os anos curriculares até ao 6º ano passou a ser uma disciplina obrigatória e nos restantes anos, e até ao 10º segundo como opção. Apareceu como uma disciplina inteiramente nova no que se refere aos seus princípios, métodos e objetivos. Em pleno séc. XXI apesar das mudanças sucessivas e especialização dos professores, as metodologias para iniciar a EM assentam essencialmente nos métodos de Edgar Willems2 (1890-1978)e Carl Orff (1895, 1982). O Método de Willems foi introduzido gradualmente em Portugal, tendo orientado sucessivos Cursos de Pedagogia Musical e Didática Musical, a fim de colmatar algumas falhas procurando um Método que atualizasse o ensino em Portugal. Para aprofundamento do tema aconselha-se Boletins 66 e 67 (1990) da Associação Portuguesa de Educação Musical.
Segundo Eduarda Carvalho, Psicóloga Clínica, Musicoterapeuta, Arte-terapeuta e docente, num artigo publicado em Março de 2005 nos Cadernos de Educação de Infância, referiu que “ (…) o som e o ritmo integram uma das vivências sensório-motoras mais primitivas do ciclo de vida da existência humana” (2005: 13). Relata que o primeiro contacto acontece no ventre materno, e é com o coração da mãe, embalado pelas baladas amnióticas e com a mistura de estímulos sonoros externos, que se processa a primeira fonte do ciclo. Frisa ainda como conclusão desse artigo que “ (…) a música possui particularidades estruturais e organizadoras que fazem dela,um potencial facilitador da construção das bases de socialização precoce da criança” (Carvalho 2005: 16).
Rui Nery numa entrevista efetuada em Abril de 2010, denominando-a “Semear para colher através da Música” publicada no Boletim dos Professores refere o seguinte: “A música tem um papel importantíssimo no crescimento integral das crianças, não só pelo prazer que a experiência musical pode proporcionar. A Música como fator de inclusão dos alunos de Necessidades Educativas Especiais mas também pelo potencial para estimular capacidades que ultrapassam essa dimensão da fruição” (Nery 2010: 4). Este Musicólogo e Diretor do Programa Gulbenkian – Educação para a cultura, salienta que é importante o ensino da música na medida em que às crianças de tenra idade lhes “ (…) facilita a aprendizagem de estruturas de linguagem mais complexas, como o raciocínio matemático mais fluente” (op cit.p.4) bem como a sensibilização para outras formas de expressão seja ela artística ou cultural. Refere ainda que desenvolve competências nas crianças, que estas devem ser ensinadas a pensar, a identificar problemas e a inventar soluções novas para esses problemas como reforça o autor.“Os desafios do mercado de trabalho e de uma forma mais ampla, da cidadania implica o desenvolvimento da criatividade, que é estimulado pela vivência musical”. Acentua ainda que “ (…) a aprendizagem da Música tem uma dimensão de partilha que é essencial” (Nery 2010: 4), e permite uma interação grupal, criando um sentimento de “responsabilidade coletiva”, sendo significativo na construção da cidadania. “A música é uma forma de manifestação artística e estética, e a beleza da criação musical é fundamental para o enriquecimento da vida humana” (Nye 1985: 5)”.
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SEMEAR PARA COLHER ATRAVÉS DA MÚSICA.



quinta-feira, 4 de setembro de 2014

DE PEQUENINO SE TORCE O PEPINO.

"Que o ensino da música é proveitoso para a aprendizagem já todos sabem, praticamente desde que o filósofo grego Pitágoras estabeleceu, já no século VI a.C., as leis da harmonia musical em relação estreita com a matemática. Um estudo agora divulgado vem reforçar esta ideia. Aprender música durante dois anos, ainda na primeira infância, é uma forma de dar um upgrade ao cérebro dos miúdos. A experiência, de que resultou um estudo publicado no Journal of Neuroscience, foi feita a um grupos de 44 crianças que fazem parte do Harmony project, uma associação norte-americana que ensina os sons a jovens carenciados. A idade média do início das aulas de música dos miúdos que participaram no estudo era de oito anos.
Com recurso a eléctrodos implantados na cabeça das crianças, a equipa que conduziu a investigação, da Universidade Northwestern, percebeu que a reacção do cérebro de quem aprende música muito cedo à pronúncia das sílabas, por exemplo, é mais rápida e a flexibilidade de raciocínio destas crianças perante a linguagem verbal é maior.
O grupo responsável pelo estudo defende, por isso, um reforço do ensino da música na escolaridade básica".
ricardo.nabais@sol.pt